segunda-feira, 20 de julho de 2009

SER CAIÇARA: Um encontro comigo mesmo.


Este meu espaço é para expor minhas opiniões a respeito da vida de uma forma geral, através de experiências, conhecimentos e sensações.

A vida nada mais é do que a somatória de momentos e através deles vamos nos lapidando, vivendo e tirando nossas conclusões a respeito dela e estas experiências agregadas a educação dada pelos pais e a essência de cada um, é o que forma a personalidade que cada um tem.

Quando desta vida partimos levamos apenas o que realmente nos pertence, que são as emoções vividas, a lembrança dos amigos e os atos proferidos. Esta é a bagagem de cada um, única e solitária da mesma forma como aqui chegou.

Pela lei da sobrevivência ou por motivos diversos nos afastamos, na correria do dia-a-dia, do que realmente nos moldou ao longo da infância e juventude.

O molde é feito pelo local onde vivemos, pelos amigos que fizemos e pelas situações vividas nesta época.

Nasci em São José dos Campos e fui para Caraguá em 1.965 e lá morei até os meus 7 anos, quando retornei para começar a estudar em minha cidade natal, mas como meu pai tinha negócios em Caraguá, todos os finais de semana, feriados e férias o destino era sempre o mesmo.

Natural de São José e caiçara de coração vivenciei a perola do litoral em seu esplendor, onde jogava bolinha de gude na Avenida Anchieta em frente ao Hotel Jangada na rua que era de terra, empinava pipa, brincava de bangue-bangue, jogava futebol e brincava de queimada na praia, ia caminhando até a Martim e as vezes embrenhava as matas e caminhos difíceis para conseguir chegar até a praia da Tabatinga, entre tantas outras situações, e para provar minha autenticidade, a natureza ainda me fez presenciar in loco a catástrofe de 1.967.

Enquanto meu pai colaborava com o progresso da cidade como empresário, presidente do Caraguá Clube, secretário do turismo, membro da associação comercial entre outros, nós filhos íamos acompanhando-o e logo cedo começamos todos a trabalhar e não tivemos o prazer de curtir como desejávamos o que esta maravilhosa cidade nos proporcionava em oportunidades, mas o que deu para extrair foi o essencial: os caiçaras!

Os que na mesma época viveram são pessoas privilegiadas que acompanharam o crescimento da cidade e cresceram juntos, quer sejam caiçaras de natureza ou de coração, onde todos se conheciam, as amizades eram sinceras, um sabia da vida do outro mesmo não sendo próximas, as brincadeiras, as festas, as paqueras, a famosa praça com a fonte luminosa, a Lanchonete Estrela, a mureta do Adaly, o surf, a asa delta, os memoráveis jogos de vôlei na praia, o carnaval de rua, o Recanto Ana, o Fragatas, o Bateau e Castelinho, época que havia muitos planos, sonhos e esperanças, uma certa “ingenuidade”, as irracionais brigas na praça (não tem como deixar de citar) e muitas outras emoções.

Era a época dos Beatles, Led Zepelin, Pink Floyd, Supertramp, Barry White, Bee Gees, os embalos de sábado a noite, Tubarão, Inferno na torre, Nacional Kid, O dólar furado e assim vai... (acho que tô ficando velho...rs)

Quando o amigo Wilson Cardoso criou através do Orkut um meio para que “alguns caiçaras” desta época pudessem se reencontrar, não se imaginava que se tomariam as proporções que tomou e nem os efeitos que isso poderia fazer na vida de cada um.

Depois de várias adesões (e muitas ainda a serem feitas com o decorrer do tempo) foi agendado um encontro para reencontrar as pessoas daquela época dourada, aqueles que fizeram e fazem parte da vida de cada um, deixando a sua marca mesmo que involuntariamente.

Infelizmente, alguns de nossos amigos desta época já se foram para outro plano e outros tantos não puderam participar por motivos diversos como distância, compromissos inadiáveis, doença ou outros motivos quaisquer, mas que com certeza estiveram presentes de alguma forma.

Quando lá em cima disse que era "um encontro histórico comigo mesmo", talvez tenha dito a frase que cabe perfeitamente ao sentimento de cada um que lá esteve.

Por incrível que pareça fui ao encontro com a intenção em rever alguns amigos, mas o que aconteceu na realidade foi “reviver” uma história, emoções, lembranças que considerava impossível até então.

Cada olho no olho, cada abraço apertado, cada sorriso, me remeteu a uma experiência única, confirmei que os grandes amigos são aqueles que fazemos na infância e juventude, que viveu o mesmo lugar, as mesmas emoções, que fazem parte da nossa vida e do nosso ser, que são partículas de um todo que só estava na lembrança, mesmo que esta pessoa fosse um conhecido e que não tivesse um grande convívio. Os outros amigos que fazemos no decorrer da vida são importantes, mas não tem o mesmo significado, pois não viveram a mesma história e não influíram em nossa personalidade como os "antigos".

Com certeza todos que ali estavam, querendo ou não, fazem parte um do outro como que a união de cada um formasse um todo e este foi o resgate que senti em cada um dos presentes, por isso aquele gostinho delicioso de quero mais que cada um carregou consigo. Acredito que todos sentiram o mesmo, por isso a felicidade se fez presente em todos os momentos.

Para quem acredita que sentimetos negativos causam as doenças, com certeza esta dose de "remédio" que ingerimos neste encontro nos imunizará por muito tempo.

Por isso, agradeço a oportunidade e parabenizo cada um dos caiçaras por fazer a sua parte e materializar este dia inesquecível (18/07/2009).

Não existe uma frase que diz se a vida te virar as costas passe a mão na bunda dela? Então, se a vida é curta, "curta" bastante cada momento, diga enquanto é tempo que você ama uma pessoa e mostre também a sua coragem pedindo perdão e perdoando se for necessário. Viva intensamente como vivemos o nosso passado, mas agora de uma forma mais madura, consciente e positiva, ainda há tempo!

Para terminar não irei citar nenhum dos grupos ou artistas descritos acima, mas a letra mais adequada ao momento vivido e só poderia ser de "REI":

Quando eu estou aqui
Eu vivo esse momento lindo
Olhando pra você
E as mesmas emoções
Sentindo...

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...

Amigos eu ganhei
Saudades eu senti partindo
E às vezes eu deixei
Você me ver chorar sorrindo...

Sei tudo que o amor
É capaz de me dar
Eu sei já sofri
Mas não deixo de amar
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

São tantas já vividas
São momentos
Que eu não me esqueci
Detalhes de uma vida
Histórias que eu contei aqui...

Mas eu estou aqui
Vivendo esse momento lindo
De frente pra você
E as emoções se repetindo
Em paz com a vida
E o que ela me trás
Na fé que me faz
Otimista demais
Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...

Se chorei ou se sorri
O importante
É que emoções eu vivi...


Um grande e carinhoso beijo no coração de todos os caiçaras!

7 comentários:

  1. a musica diz oque sentimos de verdade ....um grande amigo me falou uma vez as amisades da infancia e adolecencia sao eternas ,,,,,suas palavras sao os sentimentos de todos nos com certeza ...nossas emoçoes foram de almas de verdadeiras,eo proximo encontro com certza vira eem breve....um abraço pelo dia de nos (amigos) de verdade.........

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  2. Que texto lindo, saiu mesmo do coração! Consegui senti-lo da mesma forma. Somos poucos que vivenciaram essas coisas maravilhosas que vc descreveu nos nossos anos dourados. Que privilégio tivemos. Nós erámos felizes e sabíamos e o melhor e que continuamos...São coisas como essas que faz a vida valer a pena. Parabéns pelo seu texto e adorei seu blog.
    bjs
    Ana Paula

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  3. Fernandinho...vc consegui exprimir o sentimento de todos aqueles q compareceram ao encontro. A sintonia, o contentamento e a emoção foram fortes e verdadeiras...obrigada por vc tb fazer parte dessas pessoas especiais q fizeram e fazem parte da minha vida...muitos beijinhos
    LOURDES LIPPI

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  4. Não sou caiçara, mas fiquei com vontade de ser;

    Não sou caiçara, mas passei boa parte de meus feriados em Caraguatatuba;

    Não sou caiçara, mas o Hotel Jangada também é parte de minha memória afetiva de anos maravilhosos.

    Enfim, conheci o Fernando na escola, em São José dos Campos. Hoje, com esse post, pude perceber o papel que Caraguatatuba e seus caiçaras tiveram e têm na formação do seu caráter admiravel.

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  5. Sabe Fernando... eu tbem me encontrei nesse Encontro... me encontrei em cada pessoa ali presente, cada sorriso, cada abraço apertado, afetado, enfim... Suas palavras me emocionaram... e nao foi pouco... chorei... e concordo q todos devem ter saído com um gosto doce de "quero mais". Concordo contigo qdo fala da importância dos amigos que fazemos ao longo da vida, mas é diferente, pois os amigos antigos fazem parte da nossa história, vivênvia, é algo atávico. Houve uma grande sintonia, tão grande q qdo voltei pra SP na segunda pela manhã, fiquei cantarolando uma música... sabe qual?? Essa mesma q vc citou no texto. Sintonia fina... Sinta-se abraçado por mim... um abraço forte e carinhoso dessa caiçara original... Marta Braga

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  6. Fernando, meu amigo querido... até das colas no ginásio você lembrou...rs...do amigo Lampião ,histórico e divertido, surgiu a Maria Bonita ao lado do Wilson...rs...dou risada sozinha...rs...esse é meu amigo de infância e hoje ...rs... quarentão, Fernando!!!A vida me ensinou algumas coisas básicas...uma delas é o valor das amizades...estar no encontro dos caiçaras fez a mim e, com certeza, a todos que ali estavam, viajarem pelas águas das lembranças do melhor tempo da vida de qualquer Ser Humano....nossa JUVENTUDE!!! E , num resumo de todos os olhares brilhantes, todos os sorrisos contagiantes, todos os abraços trocados com emoção e, todos os sentimentos vividos em poucas horas, por todos os conhecidos ou não, só pude me sentir Privilegiada!!! Sentir nossos amigos, também, Privilegiados!!!Todas as palavras colocadas são e serão poucas na tentativa de expressar a grandiosidade da energia desse encontro. Pode-se falar, falar, falar mas, não conseguiremos esgotar dentro de cada um de nós, esse maravilhoso e iluminado dia porque sempre teremos algo a lhe acrescentar , portanto, Viva,Caraguá!!!Viva, aos caiçaras de sangue e de coração!!Viva, ao nascer e ao por do sol deste litoral encantador!!!Viva, a cada lembrança resgatada dentro de nossos corações!!! Viva, a nossa Juventudeeeeeeeeee!!!! Viva, aos amigos que partiram!!!Viva, aos caiçaras de ontem, de hoje e sempre!!! Viva, aos homens e mulheres , hoje de 40, 50, 60...rs...maravilhosamente iluminados e abençoados por Deus!!! Viva, ao Wilson por ter nos presenteado com o Encontro dos Caiçaras, resgatando a Juventude na memória de cada um de nós e ,a importância de mantermos a chama da amizade sempre iluminada dentro de cada coração caiçara!!!.....Beijos...MUNI ZARUR

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  7. É amigão, voltei aos meus tempos dourados, a amizade era colocada acima de tudo, apesar de não ter participado da festa, li o que foi escrito por você e um filme de nossas vidas passou pela minha cabeça, o pessoal todo na praça, as noitadas agitadas, o dia na praia, etc. Tempos que nas nossas memórias estão guardadas a 7 chaves e que cada um de nós tem as chaves para voltar e relembrar, época que muitos gostariam de proporcionar aos filhos mas que se tornam impossiveis pois o tempo passou.
    O tempo passou mas saudade ficou.
    Um abraço do sempre amigo da época
    RALF (PENHA alemães da MARTIN).

    EMAIL: ralf.schumacher1@itelefonica.com.br

    AO AMIGO FERNANDINHO

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